Wednesday, December 17, 2008

Buddakan - Posh Asia in NYC.

A Ásia definitivamente se consolidou como uma das culinárias mais cools do mundo, não sei se são os temperos diferentes ou o fato que se divide os pratos no centro da mesa, mas sem dúvida é sempre bom mudar os ares. Em NYC não é diferente, vc pode comer inúmeras opções asiáticas, isso sem contar o já tradicional japonês. Nesta semana fui no Buddakan que fica em Chelsea um dos bairros mais descolados de lá.

O restaurante tem uma decoração escura e grandiosa, com uma sala na entrada de espera que fica lotada de pessoas bonitas e ansiosas para a experiência culinária que as espera. Tomei lá um Martini de Ciroc com um outro tipo de Vermuth e um leve toque de laranja, incrivelmente refrescante, sugestão do simpático barman.

Vc pode sentar no memso nadar dessa sala de espera ou no subsolo, as melhores mesas ficam no salão que tem um pé direito duplo, com um escadaria dramática, coisa que só se acha em NYC. Para entrada ficamos com o edamame dumplings, um guioza que é recheado por um creme das sementes de soja japonesas, ao morder a sensação é de uma explosão de um veludo na sua boca.

Pedimos vários pratos um noodles com camarões que estava muito gostoso e um stir fry de frango e legumes saboroso. O destaque fica no entendo para o pato que vem uma panela de louça, deliciosamente crocante por fora e macio e rosado por dentro, com um molho adocicado com amendoins e feijões al dente, que era perfumado e com o contraste da crocancia do amendoim e feijão e o pato foi o grande hit da noite.

O serviço como em todo bom restaurante de NYC foi muito bom e atencioso e mais importante nesse caso, sugestivo. A carta de vinhos e sakes era justa nos seu preços. O único se não foi que esperamos uma meia hora além da nossa reserva para sermos sentados.

Buddakan
75 9th Av. com 15th St.
New York
Tel – 1 -212 – 989- 6699

3***
$$$$

66 Bistrô - Good old classic

O Rio de Janeiro está de fato vivendo um boom gastronômico a quantidade de casas novas e de qualidade que abrem é incrível. Acho que isso é parte do meu contante interesse em escrever aqui no blog, mas tem certas coisas velhas que são clássicas. Em um domingo de tentativas eu acabei no clássico Boteco 66, que mudou de nome para 66 bistrô, mas a decoração continua a mesma, uma casinha pequena e charmosa no Jardim Botânico com um jardim de inverno coberto, com plantas na parede, de fato muito agradável.

O menu é tipicamente de bistrô e não deixa dúvidas, com alguns pratos clássicos e comidas com muito molho e acompanhamentos simples. De entrada pedimos ostras de Santa Catarina, que acho que dadas as chuvas não deviam ser exatamente de lá, mas tudo bem, estavam bem frescas e saborosas, com o gostinho de mar salgadinho, com o suco de limão espremido esta se transforma em um delicioso mergulho.

Para o principal eu fiquei com o peixe crocante, um filé de cherne alto e branco que vem com uma crosta de mini croutons crocante passados em muita manteiga, que eu adoro, mas tenho que admitir acho que estava amanteigado de mais, até para mim. O meu acompanhamento foi um arroz croc croc, que era simplesmente um arroz branco com umas coisinhas crocantes em cima, nada de especial. Meu companheiro pediu um filé com batatas fritas, que eu provei e estava muito melhor que o meu prato, as batatas em especial uma versão das chips quase que transparentes com sálvia frita, deliciosamente amarga e crocante.

Para sobremesa um clássico, creme brule: beirando a perfeição a crosta querimada estava deliciosa, queimadinha com o gosto ocre e o creme era suave como hidrante na pele depois de um dia de sol. O serviço foi ótimo,  sincronizado e atencioso, mas o restaurante estava vazio. A carta de vinhos tinha ótimos exemplares com bons preços.

66 Bitrô (FKA Boteco 66)
Rua Alexadre Ferreira 66
Jardim Botânico – Rio de Janeiro
Tel 21- 2266-0838

2**
$$$

Caranguejo - Frescor em meio do caos

Quando se tem muitas expectativas de um lugar, dificilmente o resultado final é bom. Eu ouvi tanto falar do caranguejo de Copacabana, que não podia mais esperar para conhecer o restaurante e suas delícias de frutos de mar e aperitivos. Um restaurante simples em Copacabana, estilo boteco carioca que eu adoro e com frutos do mar frescos. Parecia a receita perfeita, mas deixou a desejar.

O restaurante fica na movimentada esquina da Xavier da Silveira com Barata Ribeiro, com uma decoração de boteco, simples e mesas de plástico do lado de fora. Os garçons são tipicamente cariocas, mais velhos, meio desatentos em momentos e seus melhores amigos nos próximos. Acima de tudo eficientes em trazer um chopp gelado. O resultado final é a clara sensação de que vc está no Rio de Janeiro.

De entrada fomos de pastel de camarão e siri. O primeiro é sequinho, bem grande, tem um creme saboroso e leve que conta com alguns camarões graúdos e carnudos. O segundo é simplesmente um creme de siri catado, senti um pouco de falta de mais siri, para deixar aquele gosto simples e fresco. Além disso, as empadas são altamente recomendadas, mas essa minha nova fase de dieta não me permitiu ir tão longe.

Para o prato principal eu tenho que admitir que fomos ousados. Resolvemos ir de moqueca de camarão, esperava que os grandes elogios fossem se converter em um achado no Rio de Janeiro, ledo engano. Infelizmente para começar não foi servida uma moqueca, simples assim, e não porque não tinha dendê – está é uma velha briga entre baianos e capixabas, nós chamamos a moqueca capixaba de ensopado, pois não tem dendê – pois simplesmente não era. Os camarões eram grandes e carnudos, frescos estavam em um creme, que mais parecia um pirão que uma moqueca ou ensopado. Não chegava a ser um bobó, pois não tinha a suavidade do aipim. Para acompanhar uma farofa, que também não tinha dendê, de farinha grosseira e um pirão – que tinha a mesma consistência da moqueca – com pedacinhos de peixe do caldo que serviu de base. Achei a comida um pouco sem sal além de tudo. Não posso dizer que estava ruim, simplesmente não era o que eu pedi.

Pedimos de sobremesa doces portugueses que estava fracos, mas acho que vou dar mais uma chance para lá. Os frutos do mar eram muitos frescos e mesmo os camarões da minha “pirãozada” estavam muito gostosos. Acho que vou voltar lá e pedir um prato de grelhados para tirar o que eles tem de melhor, frescor. No final, depois do que comemos não achei caro, mas também não bebemos.

Caranguejo
Rua Barata Ribeiro 771
Copacabana – Rio de Janeiro
Tel – 21 - 
2235-1249

1*
$$

Wednesday, December 10, 2008

Oyster Bar X Metrazur - Disputa na Grand Central Station

Existem algumas poucas dicas unânimes em NYC entre os brasileiros, mas o Oyster Bar da Grand Central Station é um deles. Não sou especialista em ostras e talvez por isso não saiba apreciar tudo que o lugar pode me oferecer, mas não acho que de fato tenha nada de muito especial. Já o Metrazur que fica na bancada leste no saguão principal foi uma grata surpresa.

Vamos começar pelo Oyster Bar, o restaurante fica no subsolo em um ambiente estilo uma senzala reformanda, que tem seu charme. Vc pode optar por sentar em um dos balcões onde pode pedir suas ostras diretamente para o garçon central – me lembrou um pouco os galetos do centro do Rio de Janeiro – ou sentar nas mesas. Optamos por sentar nas mesas, fomos recebidos por um couvert de biscoitos de gergelin e pães com uma manetiga sem gosto e dura de mais.

Em uma ocasião eu pedi um peixe grelhado que vem acompanhado de legumes no vapor. O peixe estava incrivelmente fresco para NYC, mas um pouco sem sal, acho que para americanos só o frescor já é suficiente. Em uma segunda visita optei pelo crab cake que é um dos meus pratos favoritos, vieram 2 bolos enormes, mas o carangueijo estava muito escuro e prensado de mais, ao contrário do clássico onde o interior é quase um empilhamento dos pedaços de carne branca. O sabor estava apenas bom e não me faria voltar por causa disso. Já provei as ostras, mas de fato acho que não entendo o suficiente para opinar, mas estavam frescas.

Já o Metrazur que fica em um dos balcões laterais do salão principal é um ambiente agrabilíssimo, com mesas granes e todo o explendor da Grand Central para ser observado. Fomos recepcioanos por uma cesta de pães mornos, o meu preferido com o integral com nosez e alguma fruta vermelha, que estava delicioso. 

Para principal fiquei com a sopa do dia, de milho com um fundo de polenta, pancetta – bacon italiano – crocante, queijo de cabra e pequenos croutons. A sopa estava incrivelmente cremosa, quando a colher ia até o fundo encontrava a polenta salgadinha, que com um pouco do queijo adicionava o sabor agudo do queijo e um pedacinho da pancetta o toque de gordura perfeito. Uma das melhores sopas que já comi da vida.

Na minha mesa o destaque ficou para a salada de grão de bico e mini polvos gralhados que foi muito elogiada. Quando eu estiver da próxima vez na Grand Central eu com certeza optarei pelo segundo,até porque os preços finais são bem parecidos.

Oyster Bar
Grand Central Station
New York

2**
$$$

Metrazur
Grand Centra Station
New York

3***
$$$

348 - Gostinho porteño em São Paulo

Já falei em outros post e acho que não tenho mais vergonha de achar isso, mesmo sendo bairrista, os argentinos fazem a melhor carne que eu conheço. O melhor churrasco de minha vida foi lá em um subúrbio de Buenos Aires, em uma casa charmosa, sem muita gente, mas com muito carinho. São Paulo, como sempre SP, tem uma série de restaurantes argentinos, acho que o melhor deles é o 348, onde fomos almoçar em um final de semana.

O restaurante fica em uma casa grande, com uma varanda enorme e é completamente aberta nessa pacata rua da Vila Nova Conceição. As mesas são simples e as mesas são de madeira pesada, quase que como os móveis de varanda de uma fazenda. O serviço é feito por jovens, alguns universitários, descolados e rápidos, talvez isso acabe tornando o serviço menos profissional que deveria, tenho a leve impressão que eles se acham melhor que os clientes endinheirados de São Paulo.

De entrada não ficamos com as tradicionais enpanadas – tradicionais pastéis de forno argentinos – que já comi outras vezes e são ótimos, optamos pela capa de costela, que é só a crostinha levemente queimada e crocante, com a maciez da costela.

Mas o que importa no final das contas é a carne, optamos por um Bife Ancho, que estava muito bom, saboroso, macio levemente tostado por fora e macio por dentro. Para acompanhar batatas fritas, que são bem caseiras e muito gostosas, sequinhas e levemente macias e uma bela salada verde. Também não podemos deixar de lembrar o delicioso molho chimichurri que sempre dá um gostinho especial para a carne.

De sobremesa uma deliciosa panqueca de doce de leite argentino escuro, lembrando as boas coisas porteñas.Não é nem de longe a melhor carne que eu já comi na minha vida, mas é muito melhor que a média. No final das contas mata uma boa saudade de Buenos Aires, além de ser um lugar agradável.

348
Rua Miguel Calfat, 348
Vila Nova Conceição – São Paulo
Tel -

3***
$$$

Tuesday, December 09, 2008

Ici Bistrô - Um experiência completamente diferente

Meu último final de semana em São Paulo foi recheado de bons momentos gastronômicos, mas o mais esperado era uma refeição no Ici Bitro, que desde que ganhou o prêmio de melhor bistrô de São Paulo tem estado na minha lista. Estava ansioso também porque iria com um parente do chef essa seria a minha primeira experiência de almoçar como conhecido de um chef de primeira. Explico isso, porque tenho certeza que a minha experiência foi completamente diferente do que teria sido em circunstâncias normais, mas acho que vale compartilhar com vocês que gostam de comida.

O Ici fica em uma charmosa casinha em Higienópolis que era para mim o bairro do Jardim de Nápole, acho que estou mudando de opinião depois desse almoço, lá vc tem a definição de bistrô completa, comida clássica francesa, mesas pequenas e decoração displicentemente pensada. Ficamos em uma mesa redonda, grande que torna a conversa tão mais agradável. Iniciamos com um festival de entradas que o Chef Beni Novak nos mandou. Os pães judaicos que são feitos de massa de batata baroa e cebola estava sensacional aerado e com um leve gosto de cebola, me lembrou um croissant sem o excesso de manteiga.

Comemos uma terrine, clássica e bem feita com torradinhas crocantes. Canapés de steak tartare que estava divino, cremoso e salgadinho, com a crocancia das torradas estavam muito bons. Logo depois chegaram rãs que vinham levemente empanadas, sequinhas, e molhadinhas por dentro, sob uma cama de tomate e manjericão leves, sem dúvidas a melhor que eu já comi.

No prato principal eu optei pelo Magret de pato, com figo assada e um molho de albufera, que eh de manteiga de foie gras, o molho me lembrava uma seda de tão suave e cremoso que era, com um toque de profundidade que apenas o foie gras pode proporcionar.  A receita é antiga, segundo o nosso chef com mais de 100 anos, nunca tinha experimentado e já entrou no meu hall de favoritos.

Para sobremesa eu comi um Pain Perdu, que é um brioche embebido em algo, me lembra uma versão delicada da french toast americana, porém menos molhada. Com uma leve calda de baunilha com uma geléia de frutas vermelhas. Este foi o melhor que já comi, leve e doce, com acidez das frutas estava realmente perfeito.

Os outros convidados também gostaram, mas eles eram todos parentes, hehehe. Mas falando sério se vcs tiverem metada da experiência que eu tive, já vai valer a pena. Não posso esperar outro final de semana, com esse meu amigo em São Paulo para repetir a dose.

Ici Bistro
Rua Pará, 36
Higienópolis – São Paulo
Tel – 11- 3257- 4064

Sem estrelas dado que não foi uma experiência usual! Mas prometo que vale a pena!

Friday, November 28, 2008

Azumi - Um programa surpreendente no Rio de Janeiro

Desde que eu comecei a escrever esse blog, tenho me aventurado muito mais para conhecer lugares diferentes e ter sempre assunto para escrever aqui. O Azumi, em Copacabana está minha lista desde o começo, ontem, finalmente o dia chegou e não deixou a desejar, era mais ou menos o que eu imaginava, com algumas surpresas bem positivas. O Azumi é o mais tradicional japonês do Rio de Janeiro, tem uma decoração péssima, fica em um lugar perto de casas de show duvidosas e é muito mal decorado, mas tudo isso já era esperado. Ao chegarmos fomos recepcionados pelos japoneses, que tomam conta do restaurante, muito simpáticos.

Para começar pedimos um edamame, que são vagens de soja (será que posso chamar assim) salgadinhas de onde saem, ao apertar com os seus dentes, deliciosos “feijões” verdes, que com o salgadinho que está na casca fazem daquilo o mais próximo que eu conheço do amendoim cozido do São João na Bahia. Depois passarmos para um “carpaccio” de atum e peixe branco, com um molho leve, puxado no limão, cebolinha e um rabanete ralado com pimenta, leve e saboroso. Além disso, pedimos um tartar de atum, com um ovo de codorna cru e finas tirinhas de alga bem sequinhas, as texturas do atum com o ovo, se misturavam com a alga e davam um sabor e textura diferente de todos os tartars que já provei.

Começamos pelos grelhados, com a pele do salmão fresca grelhada que é completamente diferente do que eu estava acostumado a comer em outros restaurantes. Depois partimos para uma ostra – enorme! –que é grelhada aberta na casca com um leve molho que lembra um desses caldos japoneses para peixe, excepcionalmente leve. A ostra fica sequinha e com as bordas levemente queimadas por cima, a parte de baixo protegida pela concha tem a textura de algo que foi levemente cozido, mas não ao ponto de perder a sua textura macia e leve. Os sabores se misturavam o doce do queimado das bordas com o gosto de mar da ostra da parte de baixo, absolutamente incrível. Além disso, pedimos lulas grelhadas, simples anéis de lula grelhados fazendo a sua textura atingir uma semi perfeição, com um gosto suave que só algo cozido por um longo tempo pode ter, sem a pressa dos clientes.

Passamos para os sushis, naquele ponto já estava convencido que tinha achado um lugar incrível, nem precisava o sushi ser bom. Pedimos um combinado simples de sushis e sashimis, estavam todos muito bons, com cortes precisos e grossos, como devem ser. Os peixes eram realmente frescos, diferente do que comemos em muitos restaurantes por aí, o atum se destacou em minha opinião, mas na mesa cada um escolheu o seu preferido e quase que não tinha repeteco, acho que uma afirmação da qualidade do peixe. Para finalizar pedimos ainda uma dupla exótica de um mini polvo, que vem vermelho, em cima do arroz, a consistência é quase que de um rabanete ou uma beterraba e tem um gosto completamente diferente do que já tinha provado de polvo, não foi o meu favorito, mas achou seus fãs na mesa.

A conta não foi barata exatamente, mas tomamos uma garrafa de sake e vamos combinar foi um festival gastronômico. Acho que vale cada centavo pago para os bons apreciadores de comida. O serviço foi ok, sem atrapalhar, mas também sem ser considerado um diferencial. A ostra que eu comi lá não deve nada a nenhum restaurante japonês que eu já fui. Sem dúvidas é um programa imbatível no Rio de Janeiro para os apreciadores da culinária japonesa.

Azumi,

R. Ministro Viveiro de Castro, 127
Copacabana – Rio de Janeiro
Tel – 21-2541-4294

3***
$$$

Wednesday, November 26, 2008

Le Vin - Preço do Rio é diferente de preço em São Paulo

Abriu em Ipanema a um ano uma filial do Le Vin, um gracioso bistrô paulista que é de donos cariocas. Já fui lá algumas vezes e sempre saio de lá com a sensação que comi bem, principalmente nos almoços executivos da filial paulista. O restaurante é um dos poucos do Rio que tem alguns pratos típicos franceses/belgas como escargot e mulles et frites, que eu adoro. O ambiente é charmoso, uma pequena casa, quase que perdida no meio de Ipanema, com uma decoração simples, e com uma adega bonita. Acho que o ambiente só falta um ar condicionado mais potente, porque não estamos em São Paulo e vamos combinar que no Rio as pessoas gostar de ar condicionado forte.

Logo que vc chega é recebido um meio pão italiano com manteiga e um patê, o pão normalmente vem quentinho com um miolo leve e uma casca bem crocante. O patê é simples mas a combinação com o pão quentinho é de fato muito boa. Os drinks lá são bem feitos e as caipivodkas muito boas, mas já a carta de vinhos é excessivamente cara, para um restaurante com o tom de informalidade que ele tem, acho que devia ter uma carta de vinhos menos pretenciosa, esse não é o francês que vc leva pessoas para um programa refinado e sim um programa relaxado.

Já fui lá alguma vezes e sempre comi bem, a salada de rúcula com couscous marroquino é especialmente saborosa, bem leve e com um cousous bem sequinho e salgado como deve ser. O carpacio é bem gostoso também com um amargor balanceado com a o gosto fresco da carne. Mas o meu prato preferido é o mulles frites, esse prato típico que tem uma cumbuca grande de mexilhões cozidos em um leve molho a base de vinho braço, cebolas, alho e azeite é muito bom lá – tenho que admitir que pode ser que dado que como lá quando estou com saudade do prato meu nível de exigência esteja alterado – o que fica devendo são as batatas fritas, que são meio murchas e sem um sabor especial. Provei o raviole de pato com molho de laranja e estava também muito saboroso.

De sobremesa a mesa optou por um creme brulle, leve e bem executado, com o gostinho que queimado que deve ter e profiteroles, que não provei pois não como chocolate, mas a mesa elogiou muito. Para finalizar cafés nespresso que são garantia contra a incapacidade dos baristas locais. O único problema desse programa é o preço, os donos cariocas esqueceram que o Rio tem restaurantes em média 20% mais baratos que São Paulo, então em comparação com seus pares o Le Vin fica um pouco caro pelo o que oferece.

Le Vin
Rua Br Torre, 490
Rio de Janeiro - RJ, 22411-002
Tel - 21 3502-1002

2**
$$$

Monday, November 24, 2008

Tèréze - Um ambiente delicioso, mas quase só isso.

Como tinha falado em um dos últimos post eu queria conhecer o novo restaurante do super hotel em Santa Teresa, que se chama Tèréze, a Luciana Fróes havia falado muito bem e tendo a gostar das opiniões dela. Acho que dessa vez vamos discordar. O restaurante estava em soft opening, com isso, acho que não vou nem comentar o serviço sofrido que tivemos, pois está implícito nesse tipo de situação. Desejo a eles o treinamento mais eficiente do mundo antes da abertura, pois estão longe de ser razoáveis.

O hotel é de fato muito charmoso, em um casarão de Santa Teresa antigo, com uma decoração incrível. O restaurante que fica meio que na parte de baixo, tem entrada pelo outro lado da ladeira, talbém tem uma decoração incrível. Os móveis são de madeira pesada e com linhas simples, os tons naturais completam a vista linda do verde e no fundo da Baia de Guanabara.

Ao chegarmos fomos recebidos de forma muito educada pelo staff, e já fiquei animado. De entrada pedimos uma Terrine com um chutney de lentilha e um tipo de pastel malaio de pato, estavam muito saborosos, mas era porções individuais e acabamos que ficamos com um pouco de fome. Sem dúvidas os destaques estavam nas entradas. A cesta de pães vem com um creme de alho leve, e cremoso. A terrine estava muito saborosa e bem harmonizada com o doce do chutney.

O meu prato era uma cavaquinha grelhada com um gnocchi de aboborá, com uma glasê de mel e tomilho. Em princípio muito bom, mas não só o gnocchi estava ressecado e sem a leveza que eu gosto, como o chef deve ter se empolgado com seu glasê, o prato ficou excessivamente doce, uma vez que abóbora também é adocicada. Os prato do resto da minha mesa (provamos quase todos os pratos do menu) estavam apenas bons, sem nenhum destaque em especial.

De sobremesa ficamos com bolinhos franceses, com salada de goiaba, menta e Cachaça Magnífica e sorvete de queijo minas. Mais uma vez a descrição melhor que o prato, o gosto de cachaça estava muito forte, deixava lugar para mais nenhum gosto basicamente, além disso, o bolinho francês mais parecia o bolo Ana Maria que minha irmã, sem paladar, adora.

Para completar a conta foi alta, muito mais alta do que a comida indicaria como razoável. Mas o ambiente era de fato agradabilíssimo. Dado que as entradas eram boas e os drinks também, acho que vou voltar para o bar, que fica do outro lado do restaurante em um ambiente que lembra uma senzala, chamado do Bar dos Descasados.

Tèréze
R. Almirante Alexandrino, 660,
Santa Teresa - Rio de Janeiro
Tels.: 21 2222-  2755

2**
$$$$

Monday, November 17, 2008

Stravaganze - Minha pizza favorita, no Rio de Janeiro

Pizza é quase uma religião para os paulistas, acho que os cariocas sempre levaram menos a sério essa brincadeira, mas nos últimos anos isso vem mudando, inclusive com a entrada da Braz aqui no Rio, deixou a competição acirrada. A minha favorita não é nem a paulista, nem a famosa – talvez por razões não gastronômicas – Capriciosa. Para mim a Stravaganze é a melhor pizzaria do Rio, pronto falei! Originalmente em Botafogo, a pizzaria abriu uma simpática filial há alguns anos atrás em Ipanema, que tem uma decoração simpática, com muita madeira e uma mesa comunitária como Center piece do segundo andar.

Pedimos de entrada um cornicione, uma espécie de pizza com uma massa mais fina que a torna crocante e com sabores mais simples, como sal grosso e alecrim (quase uma pizza branca) ou a nossa escolha cebolas roxas caramelizadas e pecorrino. Os sabores combinavam perfeitamente com o azedo do queijo, balanceando a doçura quase que sutil da cebolas, a massa por ser mais fina, é mais crocante que uma pizza normal, mas ainda não ser um biscoito.

Para nossa pizza, a minha favorita, a Cipolla, sei que isso a torna quase uma não pizza, meus amigos italianos me disseram que um lugar com mais de 5 sabores de pizza, não é verdadeiramente italiano, mas tenho que admitir que eu adoro. Esta vem com uma camada de cebolas crocantes, levemente empanadas, por cima de uma pizza simples de mussarela, as cebolas tem uma crocância suave e combina bem com a textura úmida da pizza.  

As sobremesas são boas, mas o forte mesmo da casa são as pizzas, mas a série de opções com goiabada é de fato boa. O preço é incrivelmente justo, gastamos 30 reais por pessoa, nem me lembrava a última vez que tinha ido a um restaurante transado na zona sul e gastado isso, obviamente nós não bebemos alcoólicos. Insisto que não é a melhor pizza que conheço, mas é a que eu mais gosto no Rio.

Stravaganze
Rua Maria Quitéria, 132 - Ipanema
Rio de Janeiro
Tel – 21- 2523-239  

2**
$

Aprazível - Mágica em Santa Teresa

Eu acho que pode ser o fim de Santa Teresa o fato que estou achando que tem várias coisas boas e legais por lá. Sei que não sou o público padrão de lá, mas sempre tive um carinho especial pelo bairro, que é bucólico e deliciosamente antiquado. O Aprazível, o qual eu já tinha ido algumas outras vezes, é o símbolo de um charme que já existe há muito tempo. O bairro também recebeu nesse último mês um hotel de alto nível, com um restaurante chamado Tèréze, que a Luciana Fróes falou na semana passada e já está na minha lista. Mas voltemos ao que importa.

O Aprazível fica na Rua Aprazível, que é quase que escondida, o que torna a aventura ainda mais divertida. O restaurante fica em uma casa antiga, em uma pirambeira, como diríamos na Bahia. O acesso é complicado por uma escadinha que tenho certeza nenhum arquiteto desenharia, mas quando vc chega lá em baixo vc já nota que todo o esforço vai valer a pena. A decoração é rústica, com muita madeira e um design que privilegia a beleza da madeira mais que o conforto. Nós sentamos na varanda perto da bar, as mesas dos gazebos e da balaustrada são disputadas, mas as outras não são tão ruins assim.

Para começar pedimos drinks, a minha caipiroska de tangerina estava impecável, refrescante e leve como um sábado de sol pede. O mojito que o resto da mesa pediu também foi muito elogiado. Para entrada pedimos uma porção de pasteis de lingüiça rústica e queijo, com chutney de tomates, estava sequinho, saboroso e surpreendentemente leve. Além disso, pedimos um escondidinho de carne seca e purê de barôa que estava sensacional, a profundidade e suavidade da batata são a combinação perfeita da textura e sal da carne seca, acho que o aipim perdeu o posto para mim, de acompanhamento ideal.

Para os pratos a mesa pediu pratos diferentes, todos estama bons, mas não a altura do ambiente, entradas e drinks. O meu prato foi uma galinhada, com feijão de corda e banana da terra, estava saboroso, mas talvez um pouco caseiro de mais. O peixe da costa do maranhão com molho de laranha e arroz de coco estava muito bem executado, e a lasanha de cogumelos parecia especialmente saborosa.

O serviço foi especialmente desatencioso, exigindo que chamássemos atenção deles quase que toda a refeição. A experiência foi super agradável apesar do serviço, não sei se foram as companhias, o sábado de sol, a caipiroska, o ambiente, mas sai de lá tão satisfeito que tenho que ser justo e dar as estrelas que me vêem a cabeça. Pensando bem, pode ter sido o sol, eu fui para praia mais cedo, evento raro para esse baiano no Rio de Janeiro.

Aprazível
R. Aprazível, 62
Santa Teresa – Rio de Janeiro
Tel 21-2508-9174

3***
$$$$

ps: Aparentemente o Aprazível está passado por uma reforma, que pode ter comprometido a qualidade dessa refeição. 

ps: O trabalho está intenso, desculpa aos 3 leitores pela falta de post. 


Monday, October 27, 2008

Vecchio Sogno - Quem disse que a boa comida mineira é pesada!?

Lá estava em eu em BHZ, querendo comer uma coisa ligth e leve e pensando que isso não era possível. Pensava que para comer bem em Minas Gerais era preciso me render ao belo prato de feijão tropeiro, ou alguma coisa do gênero, ledo engano meu. Fui almoçar no Vecchio Sogno em Belo Horizonte e que grata surpresa. Este é um restaurante Italiano em uma das muitas ladeiras da capital mineira, meio escondido de baixo de um prédio grande que me foi dito que era a Assembléia Legislativa Mineira.

A decoração é simples, com muita madeira e cores sóbrias, combina com o tipo de menu que nos foi apresentado. Como todo parece como qualquer bom restaurante das grandes metrópoles, chic e sóbrio. Por ser almoço optamos pelo menu executivo, uma ótima opção para quem quer experimentar a culinária dos bons restaurantes sem gastar o preço do menu normal. A nossa opção foi pelo carpaccio de surubim e salada verde, estava fresco e leve como deveria ser, com notas cítricas devido ao vinagrete.

Para o prato principal ficamos com um Peixe grelhando – San Pierre –, com molho de Vongole, acompanhando de purê de duas batatas (inglesa e barôa) que era intercalado por um espinafre salteado no azeite. O peixe estava leve e sequinho sob o molho que era marcante com o gosto que Vongole deve ter, mas sem sobrepor a suavidade do peixe, o molho não era cremoso ou em excesso, o suficiente para acentuar o fresco sem dominar o prato. Os purês de batata estavam divinos, profundos e cremosos com a nota aguda do espinafre salteado ficava uma combinação quase perfeita.

Ficamos sem sobremesa apenas o restinho de nosso ótimo Soave de Veneto, que estava com um preço super justo, e dois spressos bem tirados. O serviço foi super atencioso sem exageros, sem dúvidas uma experiência que gostaria de repetir.

Vecchio Sogno
Rua Martim de Carvalho, 75 - Santo Agostinho
Belo Horizonte - MG 
Tel: (31) 3292-5251

3***
$$$

Fogo de Chão - Uma bela Refeição

Almoçar em churrascaria nunca é um programa que eu me animo, sempre acho o serviço corrido, a comida mediana e o ambiente confuso de mais para tornar uma refeição agradável. Mas tudo é diferente quando estou falando da Fogo de Chão, de Brasília, não posso opinar sobre as outras filiais, mas se esta servir como parâmetro, não perca seu tempo – e dinheiro - indo nas outras churrascarias. A experiência é memorável e todas as vezes que vou à capital federal eu fico ansioso para o meu almoço lá.

Certa vez eu li no livro escrito por uma garçonete do Per Se (um dos melhores restaurantes de NYC), que o atendimento perfeito é quando o cliente não precisa nem pedir, o garçom praticamente lê a mente do cliente. Esta é a única maneira que eu tenho para descrever o balé dos garçons da fogo de chão. Ao fazer a linguagem corporal de que ia me levantar, havia alguém para puxar minha cadeira. Quando caminhava em direção ao Buffet de saladas, havia alguém para me entregar meu prato. Quando minha água estava acabando, havia alguém completando o meu copo, mas não de maneira intrusiva como de costuma ser em churrascarias.

O Buffet de saladas tem várias opções com coisas frescas, saborosas e de boa qualidade, além disso, logo de entrada tem uma polenta frita que é muito crocante por fora e cremosa por dentro. Há para acompanhar um molho chamado chimichurri, que é a base de vinagre, salsinha e alho para acompanhar a carne, que é tradicional na Argentina.

Há uma grande opção de carnes, mas tenho que admitir que não sou um super especialista. Os melhores cortes para o meu paladar são a clássica picanha, e o miolo de contra filé, ou bife ancho, que estava muito macio e saboroso. Mas o grande destaque da casa é sem dúvidas a costela de boi, que é assada por horas na brasa e vem macia, se desfazendo, até despensa o uso de facas. Eu sonho ao pousar no aeroporto de Brasília com o gosto poderoso, profundo e aveludado desta carne.

Se eu desse 5 estrelas a churrascarias rodízio, com certeza, ela levaria. Mas não acho que o sistema de rodízio, merece entrar em um rol de restaurantes que eu considero refeições sublimes e mágicas. O fato de você sempre sair tendo comido mais do que você deveria, é um problema no esquema do restaurante. Com isso, eu digo, se você gosta de churrascarias aqui está a sua escolha.

Fogo de Chão
SHS Quadra 5,
Bloco E - Asa Sul
Tel: 
 61 – 3322 - 4666
Brasília

3***
$$$

Publicado originalmente no Comensais - www.comensais.com.br 

Aquim - Uma boa e cara promessa do Leblon.

Neste final de semana fui experimentar o Aquim, o novo restaurante do baixo Leblon, que tem uma decoração e preços no cardápio que me lembram o tempo do mundo quando não tínhamos crise, mas vamos lá sem neuras do mercado financeiro. O restaurante fica na Ataulfo de Paiva, rua principal e movimentada do Leblon, mas é muito charmoso com uma decoração escura em tons de marrons, dourados e roxos profundos, talvez pareça mais paulista que o Rio de Janeiro permite, mas não cheguei a achar ruim, apenas muito escuro para um domingo ensolarado.

A família Aquim já é conhecida no Rio de Janeiro pelo seu Buffet que faz a alegria das dondocas que gostam de receber, mas não tanto de cozinhar. Eles começaram como uma loja/Butique de doces a meio quarteirão de onde é o atual restaurante. As suas receitas são simples mais com ingredientes de qualidade, imagine que a criatividade dos Chefs foi limitada muitas vezes pelo fato de os comensais estarem em pé, então as coisas são simples na forma e complexas nos sabores.

Fomos apresentados ao um menu diurno que tem 4 opções de fórmulas, como prato principal e sobremesa, ou prato principal e entrada, a preços relativamente acessíveis. Como tinha lido no blog da Contace Escobar – Pra quem quiser me visitar – sobre os mini queijo quentes, pedi o cardápio normal. A diferença de preços me assustou um pouco, não que a opção diurna seja barata exatamente, mas o cardápio completo para um restaurante do estilo do Aquim, achei um pouco salgado. Pedimos os Mini quijos quentes de entrada e adicionamos a isso a fórmula de prato principal e sobremesa. Os mini queijo quentes são realmente divinos, pequenos e com um leive queimadinho da torrada com o gosto de terra das trufas da manteiga.

Para o meu prato principal optei pelo peito de frango grelhado com couscous marroquino, que é um desses acompanhamentos que me fazem escolher o prato simplesmente para comer ele. No entanto, para a minha decepção a cozinha se atrapalhou e mandou uma quinoa, sorte deles que também adoro quinoa, ao ser indagado por um dos Aquim informei que apesar de delicioso o prato não era o que tinha pedido, mas sem maiores problemas. A minha amiga pediu um escalopinho com purê de batata baroa que estava muito bom.

Para a sobremesa fiquei com o Romeu e Julieta Aquim que é um creme de goiabada com uma cobertura de queijo gratinado, estava gostoso, porém o meio estava frio, que não chegou a estregar o prato, mas acho que o gratinado merecia mais 2 minutos. A carta de vinhos era tão cara quanto o menu noturno, tornando o programa de domingo a tarde com um vinho branco, mesmo com o menu diurno uma brincadeira cara. Apesar das falhas a casa ganhou a minha simpatia ao final não cobrar o meu prato, dado o erro da cozinha, sei que é o mínimo que ele deveria fazer, mas não deixou de me deixar com vontade de voltar por lá.

Aquim
 Avenida Ataulfo de Paiva, 1321
 Leblon - Zona 0 - (21) 2274-1001

2**
$$$

Friday, October 24, 2008

Yemanjá - Moqueca como deve ser

A Bahia tem uma cozinha tão diferente do resto do Brasil, que como baiano, compartilho da preocupação dos Chineses sobre a capacidade dos críticos do Michelin conseguir avaliar a comida local com precisão. Desculpem-me os outros brasileiros, mas para falar de comida baiana, vc tem que ser baiano. Como falar desta culinária, se não falarmos da moqueca de camarão, esse ensopado que leva uma série de temperos (prefiro nem saber, para não destruir a mágica), e o ouro líquido que é o azeite de dendê.

Quando penso em Moqueca automaticamente me vem um nome em mente: Yemanjá! Na minha opinião a melhor que conheço, o restaurante fica de frente para a praia em mais um pedaço feio da orla de Salvador, mas não estamos aqui para falar da vista. As garçonetes são cafonas, vestidas de baianas, com um sorriso no rosto, e disponibilidade para te atender, com aquele jeito que grita: “tenha pressa não”. Tenho que admitir que nesta última visita o serviço estava incrivelmente rápido e eficiente, mas isso é mais uma exceção que a regra. O lugar já teve dias melhores, está mau conservado e poderia ter dado um upgrade na decoração.

De entrada pedimos uma porção de acarajés e casquinha de siri. O siri estava saboroso, molhadinho, com pouco tempero, com o frescor que se pede (não consigo entender quem coloca maionese nesse prato), com a adição de uma farofa e pimenta o sabor continuava ali com uma textura diferente, gosto de Mar Grande. As acarajés já foram melhores por lá, desta vez estava sem aquela crosta vermelha e crocante que é o ideal para o bolinho, mas o vatapá estava delicioso e cremoso, que balanceia bem o gosto forte e a crocância do camarão seco.

A estrela do dia não nos decepcionou vem em uma panela de barro borbulhando, a fumaça sai com cheiro do leite de coco misturado com o dendê. Os camarões são grandes e carnudos, com uma textura perfeita sem ser borrachudos. O gosto da moqueca é uma explosão de sabores do agudo do dendê a melosidade do leite de coco, tudo misturado e batido com os temperos que só o Yemanjá sabe fazer, nada de rodelas de tomate, cebolas e pimentões atrapalhando o seu camarão. As sobremesas são relativamente caseiras e sem grande mistérios, cocadas, ambrosia mas nada que seja tão marcante quanto a deliciosa moqueca.

Yemanjá
Av Otávio Mangabeira, 4655
Tel 71-3461-9010

2**
$$

Thursday, October 23, 2008

Hatsuhana - Japonês de verdade

Vamos combinar logo de cara, não sabemos comer Sushi no Brasil! Pronto falei! Do excesso dos pedidos de salmão e das super invenções fritas para todos os gostos estamos a cada vez mais nos distanciando da culinária japonesa de verdade. Não estou falando que não gosto do que temos aqui, para falar a verdade adoro, mas separo os restaurante japonês em os com invencionismos e os de verdade. Em NYC fui a um desses de verdade que me fazem pensar se já havia comida algo assim antes aqui no Brasil, apesar de freqüentar japonês pelo menos uma vez por semana.

O Hatsuhana em NYC não tem nada do glamour peculiar aos melhores restaurantes da cidade, uma decoração super simples, talvez até simples de mais. Mas logo que vc entra uma coisa chama atenção, não só todos trabalhando lá são japonês e quase não falam inglês como metade dos clientes também é japonês, indício de comida de qualidade em minha opinião.

Acho que a experiência foi tão boa porque demos asas a criatividade do nosso sushi men, sentamos no balcão e falamos prepare o que vc quiser, sendo que não gosto de ouriço. Tenho que admitir que essa brincadeira também pode dar asas a sua conta no final da noite, dado que as coisas mais especiais tendem a ser muito caras, dada a sua raridade, uma dupla de sushi especiais podem custar facilmente 20 dólares. Mas uma vez na vida esse pecado é permitido.

Alguns dos destaques ficam para a enguia que é levemente cozida e vem com um molho levemente adocicado, nada do excesso de teriaky que usamos aqui, o sushimen dá uma pincelada e that is it. O sushi de camarões muito pequenos crus e molinhos, é uma experiência no mínimo peculiar, a textura é realmente diferente de tudo que já comi em um restaurante de japonês. Uma coisa que me chamou atenção é que o arroz dos sushis era levemente morno, meio que saia direto da panela que contrastou bem com esse camarão.

Mas o highligh total da noite fica para a toro fat tuna, que é um atum extremamente gordo, talvez seja o equivalente do Foie Gras dos franceses, mas sem as crueldades que são feitas com os ganços. Este Toro estava especialmente fresco, segundo nosso sushimen era de Boston e não tinha sido congelado, apenas resfriado. A textura desse peixe não lembra em nada qualquer peixe, é quase que uma mousse, com um gosto “longo” (me falta o adjetivo apropriado, o que quero dizer é um gosto que fica na boca mesmo depois que vc engoliu o peixe), macio e amanteigado, afinal de contas é um peixe especialmente gordo. Quando vc tiver oportunidade não deixe de experimentar. O yellow tail snapper com o sal moído na hora das montanhas do tibet também era especial, com as suas precisas gotas de limão.

Para acompanhar uma mínima jarra de saquê frio, e água com gás, afinal de contas nem tudo que vc experiementa ao pedir um menu exótico é sensacional. Mas no final das contas vale a pena a brincadeira para os apreciadores de uma boa aventura gastronômica. Próxima para Tóquio, que sabe lá eu não me aventuro de novo por esses caminhos!

Hatsuhana
17 east 48th St
New York City

3***
$$$$

Per Se - Sabores que duram até o dia seguinte, pelo menos.

E aqui estamos de novo diante de um refeição de 4 estrelas! Eu sei que sou muito chato, mas realmente é difícil combinar: atendimento, ambiente, comida inovadora, execução impecável! Tenho que me defender logo, que além dessa refeição e da outra quarto estrelas que tenho aqui no blog, tenho uma que nunca escrevi, mas que vale mencionar para vcs não acharem que eu sou um pedante, que acho que só se pagando muito se come impecavelmente bem. Em Boi Peba, na Bahia, tem um restaurante chamado Mar e Coco, que é na verdade quase uma cabana e tem apenas 4 ou 5 pratos no menu, simplesmente divino, quando comi lá gastei 20 reais!

Mas voltando ao assunto, eu jantei de novo no Per Se em NYC e tenho que dizer que poucas vezes me senti tão mimado como lá, da execução perfeita da comida ao serviço que é algo que não dá para ser descrito com facilidade tudo é sem falhas. O Per Se é um restaurante de menu degustação, mas vc tem escolhas, ou vc é vegetariano ou não é! Além disso, em dois momentos dos 9 pratos (mas acredite não é tanta comida assim), vc pode fazer escolha entre 2 opções. Mas na verdade nem que não pudesse confiaria no chef Thomas Keller de olhos fechados. NADA, absolutamente NADA que veio a mesa era menos do que sublime.

Não posso falar de todos os pratos para não entediar vcs, mas logo que chegamos somos sentados em uma mesa com a vista incrível do canto do sudoeste do Central Park, em um restaurante que tem uma decoração que é “tone down”, com tons sóbrios de marrom e off White, talvez para não atrapalhar a grande estrela da noite: a comida. As mesas são impecavelmente postas, com talheres de prata simples e louças sempre brancas (eu realmente não gosto de louça escura que eu não consigo ver o que estou comendo, será que até nisso ele pensou), em formatos que variam de acordo com o prato que está sendo servido.

Antes de tudo começar somos surpreendidos pela versão francesa de nosso pão de queijo, baseado no queijo Gruyere, sequinho e levemente crocante por fora e uma explosão de suavidade por dentro, com o gosto inconfundível do gruyere, logo após somos surpreendidos por um cone ultra crocante, mas de massa leve, enrolado em um guardanapo, dentro um sour cream leve, quase que como claras em neve, e em cima um tartar de salmão picado em mínimos pedaços. Lá a comida é mais que sabores são texturas, sensações e aromas. Além disso, vale lembrar que é claro que adoro essas surpresas que são feitas ao longo da refeição.

Entre os pratos que comi vou destacar 3, de entrada o prato mais conhecido do cheff, uma ostra levemente cozida, em um potinho com um fundo de sagu (isso mesmo a nossa velha tapioca que lá é chamada de pérolas de tapioca), um creme que me lembra um bechamel rico em manteiga e com uma pequena colher de caviar negro. Acho que esse prato é a definição da cozinha do Per Se, as texturas do caviar e do sagu contrastam com a da ostra que esta perfeitamente fresca, o molho amanteigado balanceia o gosto peculiar e salgado do caviar, sem que nada perca seu lugar.

O Foie Gra frio com calda de frutas vermelhas veio com a textura firme como deve ser, contrastando com a acidez das frutas vermelhas e com um brioche, que faria inveja a qualquer padeiro. Os pães lá são frios como nos restaurante europeus, mas as manteigas são um capítulo a parte. Lá tudo tem uma história a nossa manteiga veio de uma fazenda de Vermont, de 35 acres com apenas 6 vacas, que produzem manteiga todos os dias apenas para o Per Se, chic mesmo é ter uma história de exclusividade por trás do seu produto, forget the rest!

A vieira selada na frigideira com a textura de uma nuvem branca, de tão perfeita, vinha com um molho de romã, que trazia um contraste com a melosidade do marisco, mais uma vez um balanceamento perfeito entre sabores e texturas. O peito de pato estava cozido perfeitamente e acompanhava um gratin de batatas, simples não? Mas quando simples atinge a perfeição o que fazemos? Deliramos, acho que é isso.

O carneiro estava muito bom, assim como o peixe (não me pergunte o nome em português Yellow Tail Snapper), a sobremesa de pêra estava maravilhosa assim como o sorbet antes da sobremesa de melancia. A surpresa de um parfait com calda de amoras era um final feliz para os homens, e um mini creme brulé para as mulheres (não sei qual a lógica). Mas, no Per Se, eles não se dão por satisfeitos, que tal a seleção de chocolates feitos lá mesmo para acompanhar o café? No final da refeição recebemos uma sacolinha com um crocante de amêndoas com base de chocolate, mas no meu caso que tinha comentado que não comia chocolate, caramelos puxa com gosto de infância! No dia seguinte enquanto comia os meus caramelos ainda delirava com os sabores da noite anterior, no Per Se eles são cuidados para que a sua experiência dure até o dia seguinte.

Mas tenho que admitir que tudo isso é uma brincadeira cara, o menu degustação sem a escolha do Foi Gra no terceiro prato é US$ 275, se vc fizer a minha escolha adicione mais US$ 30, ou seja é para os amantes da boa comida, as pessoas com um cartão corporativo ou amigos muito gentis que te convidem para a experiência. Não se esqueça que com uma refeição como essa um bom vinho é necessário, ou seriam bons vinhos. No final das contas prefiro isso que uma noite em um hotel maravilhoso ou uma extravagância qualquer, mas sei que eu sou meio maluco por comida, vide esse blog!

Per Se
Columbus Circle, Time Warner Centre, 4th Floor
NYC

4****
$$$$.... 

Sunday, September 28, 2008

Carlota - Charme na Dias Ferreira

Mais um restaurante da R. Dias Ferreira no Rio de Janeiro merece destaque por aqui. O Carlolta, talvez o mais charmoso deles, é realmente uma experiência no mínimo agradável. O salão do restaurante não tem mais de 10 mesas, em um estilo de bistrô francês, com cores mais leves e toques de cultura nordestina, tudo com a leveza de ser no Rio de Janeiro. O cardápio de lá é um desses que vc fica na dúvida do que pedir, ou que vc tem um prato que é o seu favorito, e deixar de comer ele, é uma lástima.

De entrada optamos pelo mix de rolinhos que sempre é um hit, mas tenho que deixar aqui a minha crítica a falta de couvert, fomos informados que o couvert era uma sopa, me desculpe, mas isso não é um couvert. Os rolinhos são uma mistura de todas as influências gastronômicas do menu. Rolinho vietinamita, Harumaki de Pato, bolinho de peixe com pesto, etc. Todos muito saborosos e bem executados. Destaque para o bolinho de peixe com pesto.

De prato principal eu optei pelo ravióli de emental com picadinho de filé e cogumelos paris. A massa estava leve com a suavidade do emental, mas o grande destaque ficou para o molho do picadinho, que cobria os raviólis, este era forte, profundo, com um sabor cremoso, sem essa consistência, com aquela profundidade de algo que passou horas cozinhando e como diz Sara (cozinheira da casa de minha mãe) pegando gosto. A combinação da melosidade do sabor do emental com este molho era uma combinação incrível, quase que um chamego. O resto da mesa me pareceu bastante satisfeito, destaques para o peixe com um fetutini de pupunha que estava delicioso e foi muito elogiado.

De sobremesa o irresistível suflê de goiabada com calda de catupiry, este clássico do Carlota (dizem as más línguas uma cópia de outro restaurante) é fantástico, os sabores todos nós conhecemos e gostamos, então ele transforma as texturas. A goiabada vira um creme aerado, sem perder o adocicado e o catupiry uma calda que vai molhando o suflê aos poucos o murchando na medida certa.

No final das contas o jantar é programa agradável, devido a carta de vinho um pouco cara, se torna um programa mais eventual que rotineiro, os preços são levemente salgados, mas vale a pena ir experimentar. Até porque a comida é realmente marcante.

Carlota

 Rua Dias Ferreira, 64
 Leblon - Zona Sul
Tel – 21-2540-6821

3***
$$$$

Casa de Minha Avó Maria - Luxo para poucos!

Comer bem é um dos maiores luxos que alguém pode ter, comer bem em casa é algo quase que impensável para a grande maioria dos meros mortais como eu. No entanto, eu tenho o prazer de poder, de vez em quando, devido à distância, comer maravilhosamente bem na casa de minha Avó Maria, me desculpe meu Avô, mas quando falamos de comida a casa é como se fosse só dela. Segundo ela mesma, comer desta forma é uma tradição que foi passada de mãe para filha, falando assim parece que deve ser simples fazer aquilo tudo, mas tenho dificuldade de imaginar um lugar onde se pode ao longo de anos, manter a consistência de qualidade como lá, se nem os grandes chefs, cobrando fortunas conseguem é porque isso não é nada simples.

Almoçar lá é um evento de horas, sempre começamos na varanda (que tenho que admitir era mais agradável na saudosa Albalonga) com pequenos abarás que derretem na boca, com um leve toque de dendê, ou com uma tábua de queijos e torradinhas, quem sabe um dos canapés que minha irmã adora. Um clássico que nunca falta é o Beiju de Tapioca com pastinha de parmesão, a tapioca fica crocante e tem um gosto leve que é dominado pelo sal do parmesão, poucas coisas tem tanto gosto de Bahia como isso.

O serviço lá é um capítulo a parte, Magic Mauro (como meus amigos Italianos o apelidaram, depois de um carnaval que as coisas simplesmente brotavam do chão sem nem notarmos a sua presença) é uma das pessoas mais gentis e discretas que vc vai conhecer. Sempre como seu uniforme branco, está disposto a fazer uma caipirinha, trazer uma coca-cola em um copo gigante, ou simplesmente servir água nos nossos copos durante o almoço. Não sei se sou eu que já acostumei em comer lá, mas tenho a impressão que o serviço é effortless, mas tenho certeza que não é. Ao sentar a mesa, posso notar que tudo foi pensado, da toalha que combinam com os porta-guardanapos, aos copos de vinho que combinam com a louça, mas nada de conjuntinho, e sim uma montagem muito bem feita, mas que não ofusca a grande estrela do dia: a comida. Claro quer o arranjo do centro da mesa também foi bem pensado, mas só está ali até meu Tio o tirar, pois está atrapalhando a conversa.

Se você tiver sido inteligente o suficiente, ou no meu caso já tenha freqüentando esses eventos muitas vezes, você resistiu bravamente a gula dos aperitivos e sobrou ainda um bom espaço no seu estomago. Porque nunca se come um só prato na casa de minha avó. Neste sábado, seguindo os meus pedidos, iniciamos com um Bacalhau Gomes de Sá, um prato típico português, que me perdoe o Antiquários, acho que nunca comi um tão bom. A simplicidade do preparo me deixa intrigado como as outras pessoas não conseguem chegar nem perto daquela perfeição de sabores. A batata que está al dente, contrasta com a maciez dos tomates e do próprio bacalhau (segundo minha avó ela estava preocupada, pois era a primeira vez que usava apenas o filé do bacalhau, mas depois desse almoço, acho que ele não volta mais ao velho bacalhau). O molho é quase que indescritível com a leveza do litro de azeite de oliva (azeite doce na Bahia) mas a profundidade dos legumes e peixe cozinhados por horas ali. O pãozinho torradinho que estava a nossa esquerda já tinha um destino certo, ela já sabia que seria tão bom e que não resistiríamos a limpar os pratos.

Não satisfeita com o Bacalhau, nos chega o segundo prato carne de fumeiro, com abacaxis, cebolas, farofa e feijão verde. Vou explicar primeiro o que é carne de fumeiro: uma manta de carne de porco que é meio que defumada com algumas ervas, segundo minha Vó, lembrando um pouco o processo das lingüiças, por horas e fica rosada, com aquele sabor inconfundível da fumaça, quase que doce. A carne estava um sonho, macia, leve e adocicada, acompanhava uma das farofas baianas bem amarelinhas (não, não a que vcs estão pensando com dendê, farinha boa é torradinha e já vem meio amarelada, com a mistura da manteiga ela ganha essa cor amarelo ouro, diferente do amarelo bandeira da outra farofa) e um feijão verde (não sei muito bem o que é isso, mas sempre tem lá) é como se fosse um feijão fradinho, com um molho mais leve, mais aguado, com temperos quase que refrescantes, esta combinação é perfeita com essa carne, que já tem esse gosto tão peculiar e não deve ser dominada por mais nada.

Não posso deixar de dar crédito a Dr. Aleixo aqui, meu avô que já bebe vinho tinto muito antes que taninos e carvalhos americanos e portugueses eram assuntos de mesas. Lá aprendi que vinho branco é Chablis, que vinho tinto é francês (tenho que admitir que tenho conhecido coisas fantásticas ultimamente que não são franceses, mas vamos combinar se vc só pudesses escolher uma nacionalidade era essa que vc ficaria). A seleção de vinhos de lá é sempre marcante, não porque o tanino do vinho combina com algum tempero, simplesmente porque um bom vinho sempre combina com uma boa comida.

Mas se você é realmente um expert nesses almoços, vc não se esqueceu durante o delírio acima descrito que as sobremesas lá são um capítulo a parte (mesmo eu, as vezes me perco e acabo comendo mais do que devia). Neste dia comemos uma cheesecake, que apesar de ter tido sua deliciosa crust queimada (obviamente pela coitada da ajudante, dado que minha Avó não erra) tinha o seu recheio leve, quase que com consistência de creme de leite, mas com o sabor levemente azedo do queijo, que contrastava com o doce da geléia de morango. Mas podia ter sido a deliciosa torta de amêndoas, que são descascadas uma por uma, para fazer o recheio da torta mais gostosa que conheço.

Obviamente sou viesado, pode ser que tudo isso seja na verdade melancolia de um tempo onde almoçava lá sábados e domingos, quando meus grandes problemas eram a prova de redação, e que meus finais de semana eram dominados por banhos de piscina e revistinhas em quadrinhos, onde as conversas não incluíam nem bail-out ou SELIC. Um tempo quando comer aquilo tudo era normal, que não sabia o quão especial era ter o privilégio de aprender tanto sobre comida. Só tem uma maneira de descobrir, venha você experimentar, se vc sair de lá com uma impressão diferente, acho que vou abandonar esse blog. 

Monday, September 08, 2008

Majorica - Carnívoro com Orgulho

Comer carne vermelha é um prazer que muitos criticam, as vezes eu me sensibilizo e considero a possibilidade de parar, mas isso só dura até comer uma carne impecável que me faz delirar. Poucos lugares são restaurantes completos, comida, serviço e ambiente perfeitos e por isso, quase nunca dou a cotação máxima. A Majorica no flamengo está nessa categoria cruel ontem tem um dos fundamentos (comida) incrível, mas deixa a desejar nos outros dois.

Esta tradicional churrascaria carioca fica no Flamengo, em uma rua movimentada de mais, com um serviço de manobrista completamente ineficiente, ir lá é uma escolha consciente: “vou comer uma carne maravilhosa e nada vai me atrapalhar”. O ambiente remete a uma decoração de fazenda dos anos 60, sem nenhuma reforma desde então, um pouco lúgrube, abafado e simplesmente dated. Os conservadores dirão que eu não entendo o valor da tradição, acho que existem maneiras de passar a tradição, sem a sensação de que há gordura de 50 anos atrás nas vigas de madeira expostas.

Logo ao chegar pedimos uma lingüiça de entrada que comemos com o molho a campanha. Notei que havia algo diferente no molho, era mais adocicado, pode ter sido a falta de pimentões, ou menos vinagre, mas tenho que admitir que foi o melhor que já comi. Pedimos de prato principal a ponta de picanha fatiada, com farofa de ovos, batatas portuguesas, batatas suflê e arroz de brócolis. A carne estava incrível, macia como poucas que eu já comi, e saborosa. A textura da carne era amanteigada, ao comer junto com a farofa de ovos, a carne se perdia.

As batas são quase um capítulo a parte, a batata suflê é macia no seu miolo, com a sensação que há uma leve camada de um purê de batatas no meio, e crocante nas bordas. A portuguesa é sequinha, levemente macia, como algo tão simples, pode ser tão bom!? O arroz e a farofa estavam também muito bem feitos, e combinavam bem com o resto dos nossos pratos. Para a sobremesa ficamos com banana frita e sorvete de creme, uma sobremesa quase que caseira mas que estava bem executada, sem maiores surpresas, pode ser que depois da carne e batatas, nada pudesse me surpreender.

O serviço foi irregular, com atenção por parte dos garçons em alguns momentos e falta de foco em outros. Não é um atendimento folclórico onde faz parte ser mau atendido, simplesmente um restaurante cheio com garçons que são apenas ok. No final das contas, tudo tinha valido a pena, só para comer aquela carne.

Majorica
Rua Senador Vergueiro, 15
Flamengo – Rio de Janeiro
Tel – 21- 2205-6820

3***
$$$

Friday, August 29, 2008

Zuka - Quando a comida vence o serviço ruim.

Se vc me perguntar qual é a minha sobremesa favorita, sem pestanejar eu vou dizer Ovos Moles com sorvete de canela do Zuka. Mas o este restaurante é muito mais que esta sobremesa, é simplesmente um dos melhores cardápios do Rio, tanto de criatividade quanto de execução. Originalmente a cozinha foi comandada pelo, então desconhecido, Felipe Bronze que iniciou a tradição da casa de grelhar e com uma cozinha aberta super bonita – ele também foi o criador da minha sobremesa favorita. Depois dele a Ludmila Soeiro assumiu a cozinha e manteve os traços da brasa e forte criatividade.

A decoração é bem básica e o salão é dominado pela parede de bronze acima da grelha da cozinha aberta, além disso, são tons de cinza e ângulos retos. Fica na badalada Dias Ferreira, no Leblon, onde todo mundo que é cool, ou tenta ser, passa nos finais de semana. Vc pode também optar por sentar no balcão de frente para a cozinha se preferir, que para dois é uma boa opção.

Eu já fui ao Zuka inúmeras vezes e conheço o cardápio quase todo, de entrada acho que o highligth é o Zuka na Brasa que é uma combinação de diferentes espetinhos, com molhos, assados na brasa. O meu favorito é o de camarão na crosta de pão de alho. Este também pode ser pedido como prato e acompanha um risoto de limão siciliano, que é cremoso e leve balanceando a acidez do alho da crosta. Nesta noite eu pedi as lascas de filé com couscous marroquino, que estava saboroso, e bem executado. O meu prato preferido foi pedido na mesa o filé mignon com ervas e risoto de Chevre, que é um prato de sabores simples, e tradicionais mas que juntos trazem potência e melosidade.

A sobremesa que eu tanto gosto é simples, mas as diferentes texturas e temperaturas do sorvete e dos ovos moles completam de forma criativa a já testada e aprovada combinação da canela com o doce. Mas como nem tudo é perfeito, o serviço do Zuka é lamentável para o restaurante que cobra aquele valor. Os garçons de lá tem o super poder de não olhar para vc quando vc está chamando, obviamente porque está acompanhando a mesa para antecipar as suas necessidades já seria demais para pedir. Mas tenho que admitir que a comida teima em me convencer a voltar.

Zuka
Rua Dias Ferreira ,233
Leblon – Rio de Janeiro
Tel 21-2249-7550

3***
$$$$

Tuesday, August 26, 2008

Asia - Um toque especial em Santa Teresa

Tem poucas pessoas que respeito cegamente uma diga gastronômica, mas tem um amigo meu que é sempre spot on, dificilmente tendo a discordar das suas observações, as vezes apenas da intensidade delas. Quando ele me falou que tinha achando um restaurante maravilhoso em Santa Teresa de comida asiática, não pude resistir, sabia que seria uma boa pedida. Primeiro lugar amo comida asiática e em segundo acho o bairro tão agradável e sempre me falta uma desculpa para ir passear por lá, dado que considero praticamente um programa turístico.

O restaurante fica na rua principal lá de Santa Teresa, então qualquer pessoa pode chegar com facilidade. A casa que abriga é muito charmosa e está completamente reformada, com uma decoração simples e com toques muito legais asiáticos, nada de fórmica preta e vermelha. São 4 andares com ambientes bem divididos conectados por escadas e varandas muito charmosas (em dias de chuva isso pode ser um problema. Nós ficamos na sala no andar de baixo, que dá acesso a uma agradável varanda e uma vista verde, bem Santa Teresa.

Começamos com a seleção do chef de Dim Sums que parecem ser a especialidade da casa, tem mais de 10 opçoes, desses deliciosos pastéis asiáticos, fritos ou cozidos no vapor. Eram tantas opções que confiamos no chef para a escolha e não estávamos errados, gostamos de todas as opções que vieram a mesa. Meu preferido era um tipo de harumaki de pato e um rolinho frito, parecendo um ouriço, com recheio de creme de inhame e legumes; a parte de fora era crocante, quando mordi há uma leve explosão desse creme suave que contrasta com os legumes ainda não tão cozidos, de fato muito interessante.

Para os pratos seguimos a etiqueta oriental e pedimos pratos para ser divididos family style, ou seja pratos ao centro da mesa e pequenas cumbucas e pratinhos que íamos nos servido de arroz de jasmin, e os pratos. Pedimos um curry levemente apimentado de legumes, que quando misturados ao arroz balanceavam bem, apesar de são ser super fan de curry, gostei muito pois o sabor era leve. Pedimos uma carne com gengible, alho e cebola, que estava sensacional, com o toque marcante do gengibre, mas com um molho levemente adocicado com as notas de alho e cebola que haviam sido cozidas por um bom tempo. Por fim um macarrão de arroz com lulas e camarões que estava leve e saboroso, como deve ser um desses pratos.

Não experimentei os chás que parecem ser um espetáculo a parte na casa, dada a seleção do menu. Eu estou com vontade de voltar para ficar apenas nos Dim Sums que parecem ser uma grande pedida, e é uma tradição oriental aos domingos. O serviço estava atencioso, mas poderia ser um pouco melhor, tivemos que chamar a atenção dos garçons umas duas vezes para tirar os pratos ou pedir mais bebidas, mas nada que comprometesse a agradável tarde de domigo.

Asia
R. Alm. Alexandrino, 256
Santa Teresa, Rio de Janeiro
Tel: +55-21-2224-2014

3***
$$$

Monday, August 25, 2008

La Giostra - Comida como deve ser.

Existe na Itália um movimento que tenta combater a pressa do mundo moderno quando estamos comendo, no Brasil, até já temos alguns representantes, que é chamado Slow Food. Neste tipo de restaurante não devemos ter pressa para comer e comida é preparada toda na hora de forma quase que artesanal. Nesta minha estada na Itália, entre muitos paninos e muitas pizzas eu fui jantar no La Giostra, que fica em uma pequena rua em Firenze.

O restaurante fica em um antigo armazém do século 15, e tem um ambiente aconchegante com suas paredes rústicas e suas vigas expostas. As mesas são relativamente apertadas, mas isso só faz vc se sentir mais em casa ainda. Ao chegarmos fomos recebidos pelo nosso garçom que falava inglês perfeitamente – caso raro na Itália – que prontamente nos ofereceu uma taça de Proseco, como boas vindas da casa.

Fizemos nosso pedido quase que sofrendo de tanta dúvida do que deveríamos pedir, dado um menu tão diverso e com pratos tão apetitosos. De entrada pedimos uma Burrata e um Presunto San Daniele com melões, mas antes disso fomos surpreendidos mais uma vez por um prato de apereitivos incrível, para que pudéssemos entender a palheta de sabores do chef. Tinha bruschetas de tomate, e de fígado de coelho – ponto especial para essa, que pode parecer horrível, mas era intensa, cremosa e leve ao mesmo tempo – tomates confitados, alici, pimentões grelhados.

As entradas de fato estavam perfeitas, uma das características desse movimento é privilegiar ingredientes orgânicos, de alta qualidade. A burrata estava perfeita, cremosa por dentro sem ser enjoativa. O presunto estava salgado na medida certa para balancear com a doçura do melão, que tinha um gosto leve, o contraste de temperaturas e sabores é absolutamente campeão para mim.

Para o nosso prato principal convenci minhas duas parceiras a pedirmos uma Bisteca Fiorentina para três. Este tipo de prato é pedido por peso, que inclui o osso; ficamos com 1,5 kg de uma belíssimo T-Bone Steak cozinhado com perfeição, a carne vem rosada por dentro e é macia, com o leve gosto da grelha de ferro e o toque ocre do carvão. Para acompanhar um leve feijão branco com cebolas, pois a estrela era a carne e nada deveria competir. Tenho que admitir que depois da minha experiência da Argentina e agora essa, estou chegando a conclusão que no Brasil comemos carne muito mal.

De sobremesa comemos um Tiramisu, que estava leve e aerado com um gosto de espresso forte e marcante como deve ser. A experiência ainda me faz delirar e posso sentir o gosto da carne e da bruscheta de fígado de coelho. A conta para tamanho festival de comida foi absolutamente aceitável.

Esta é a frase que li no restaurante e que está tb no site deles: "Because food is necessary and choosing it is a privilege, but cooking it is an art." Para vcs entenderem o espiríto do lugar.

La Giostra
Via Borgo Pinti, 12r
Firenze – Italia
Tel + 39 055241341

4****

Nostromos - O problema não é o restaurante é a culinária local.

A Croácia é um país encantador mais sem dúvidas não pode ser conhecido pela sua culinária espetacular, não sei se foram os anos de regime comunista ou a proximidade a um vizinho que tem provavelmente uma das mais complexas e completas cozinhas do mundo – óbvio que estou falando da Itália. Mas aprendi que comer é muito mais que apenas o melhor sabor de sua vida, é a companhia, o serviço e o ambiente. Em minha primeira noite em Split, uma simpática cidade na costa Dalmatiana, fomos jantar no Nostromos, um restaurante de frutos de mar.

Ao chegarmos fomos recebidos quase que rispidamente, apesar de o fato de sermos aceitos para sentar, as 10 pm de um domingo já é um bom sinal em quase qualquer cidade. O serviço foi sofrível tanto pela velocidade quanto pela atenção aos detalhes. Já no quesito simpatia eles ganharam muitos pontos, talvez essa seja uma coisa mais geral que neste restaurante, mas o senso de humor croata é uma mistura entre a auto crítica inglesa e o espirituosismo dos gênios do humor (sei que isso soa exagerado, mas a nossa experiência me permite o abuso). Com suas tiradas fantásticas o nosso garçom conseguiu ganhar a minha simpatia, apesar da sua apatia para nos servir, vcs podem imaginar isso?

Nós começamos pelos mexilhões locais que são proibidos, devido a sua caça que envolve explosões de corais, e levam as vezes 150 anos para chegarem ao tamanho ideal. Nós não sabíamos disso, mas nosso simpático garçom nos informou que aquilo que víamos passar eram “camarões”, no menu devido a seu status de ilegal. Eles estavam deliciosos, com um molho de cebola, alho, vinho branco e azeite (um capítulo a parte daqui), que traz a leveza do vinho branco com a acidez do alho e com a suavidade do azeite, provavelmente um dos mais leves e saborosos molhos que eu já comi, perfeito para um verão.

Meu prato principal foi peixe grelhado – que aqui vem a mesa e vc escolhe o seu peixe – com espinafre e batatas refogados no azeite. O peixe estava fresco e grelhados estava leve, mas nada marcante. O espinafre que preparado dessa maneira é um prato típico daqui estava suave e saboroso, tenho a impressão que isso da ainda mais pontos para o azeite de oliva daqui.

All in all a experiência foi boa, mas nada marcante que faça valer a pena uma viagem a Split, mas se vc estiver por aqui, talvez seja uma boa opção. Não sei se tenho que culpar o restaurante ou simplesmente a culinária.

Nostromos
Kraj Sv. Marije 10,
Split – Croácia
Tel: 091/405-6666

2**