Monday, September 08, 2008

Majorica - Carnívoro com Orgulho

Comer carne vermelha é um prazer que muitos criticam, as vezes eu me sensibilizo e considero a possibilidade de parar, mas isso só dura até comer uma carne impecável que me faz delirar. Poucos lugares são restaurantes completos, comida, serviço e ambiente perfeitos e por isso, quase nunca dou a cotação máxima. A Majorica no flamengo está nessa categoria cruel ontem tem um dos fundamentos (comida) incrível, mas deixa a desejar nos outros dois.

Esta tradicional churrascaria carioca fica no Flamengo, em uma rua movimentada de mais, com um serviço de manobrista completamente ineficiente, ir lá é uma escolha consciente: “vou comer uma carne maravilhosa e nada vai me atrapalhar”. O ambiente remete a uma decoração de fazenda dos anos 60, sem nenhuma reforma desde então, um pouco lúgrube, abafado e simplesmente dated. Os conservadores dirão que eu não entendo o valor da tradição, acho que existem maneiras de passar a tradição, sem a sensação de que há gordura de 50 anos atrás nas vigas de madeira expostas.

Logo ao chegar pedimos uma lingüiça de entrada que comemos com o molho a campanha. Notei que havia algo diferente no molho, era mais adocicado, pode ter sido a falta de pimentões, ou menos vinagre, mas tenho que admitir que foi o melhor que já comi. Pedimos de prato principal a ponta de picanha fatiada, com farofa de ovos, batatas portuguesas, batatas suflê e arroz de brócolis. A carne estava incrível, macia como poucas que eu já comi, e saborosa. A textura da carne era amanteigada, ao comer junto com a farofa de ovos, a carne se perdia.

As batas são quase um capítulo a parte, a batata suflê é macia no seu miolo, com a sensação que há uma leve camada de um purê de batatas no meio, e crocante nas bordas. A portuguesa é sequinha, levemente macia, como algo tão simples, pode ser tão bom!? O arroz e a farofa estavam também muito bem feitos, e combinavam bem com o resto dos nossos pratos. Para a sobremesa ficamos com banana frita e sorvete de creme, uma sobremesa quase que caseira mas que estava bem executada, sem maiores surpresas, pode ser que depois da carne e batatas, nada pudesse me surpreender.

O serviço foi irregular, com atenção por parte dos garçons em alguns momentos e falta de foco em outros. Não é um atendimento folclórico onde faz parte ser mau atendido, simplesmente um restaurante cheio com garçons que são apenas ok. No final das contas, tudo tinha valido a pena, só para comer aquela carne.

Majorica
Rua Senador Vergueiro, 15
Flamengo – Rio de Janeiro
Tel – 21- 2205-6820

3***
$$$

3 comments:

Gus said...

Um dos maiores prazeres que tenho é comer e claro comer carne vermelha! Hoje mesmo fui no Fogo de Chão! Comi um corte novo la que é a Costela Premium(nome que deram é claro).

Anonymous said...

O Majorica e como um bom vinho ou charuto. Complexo, digno... hermetico.

de fato... a carne e perfeita, mas nada se compara a se sentir nos bons velhos tempos em que nao haviam decoradores, personal qualquer coisa, em que frances era a lingua das boas familias, em que respeitava-se a tradiacao... a familia... a propriedade... em que as pessoas davam-se bom dia, em que os homens de bem tomavam cafe da tarde com a familia, em que os bons prevaleciam... ai que saudade de um tempo que eu nao vivi.

Anonymous said...

cigarro nao era proibido, de certa forma ate encorajado.
todo mundo era catolico... ate quem nao era.
existia direito, medicina e engenharia... fora disso, nada mais.
terno era cortado sob-medida.
as pessoas eram tratadas pelo nome.
a europa ia ate a Alemanha... depois disso era coisa de comunista...
coisa de comunista era uma coisa errada.
existia o crime de vadiagem, adulterio...
o divorcio ainda estava em discussao e subsequente legalizacao foi um drama geral na sociedade.
existia sociedade.
existia uma aristocracia pre-falimentar no Rio de Janeiro que resguardava nossa cidade dos barbaros...
existia o gosto, o belo... apreciava o individual, a forma e o conteudo...

...ai que saudade de casa, do Flamengo, do barbeiro que eu ia todo sabado fazer a barba cuidadosamente descuidada por tres dias. saudade da boa comida...

agora aqui estou entregue aos mouros.